5 Peguntas para Haendel Motta sobre Futuro, Psicologia e Mindset

Eu e o Haendel Motta sempre trocamos comentários e curtidas em nossos posts no LinkedIn. Até que o Ricardo Costa, um colega nosso comum, falou de um pro outro que tínhamos que nos conhecer.
Dito e feito. Em uma das minhas idas ao Rio de Janeiro, tive a oportunidade de bater um papo muito bacana com o Haendel, que tem uma história incrível, de interesses multidisciplinares.
Ele é Psicólogo da Marinha há mais de 10 anos, onde atende militares e seus familiares em um serviço com volume ininterrupto de casos e rico na variedade de demandas (o que já lhe permitiu cruzar as tais dez mil horas de experiência).
É um cara que pesquisa e mergulha nas conexões entre a clínica psicanalítica e a Liderança. E nesses estudos surgem artigos e reflexões muito bacanas que valem a pena conferir.
Se você ainda não segue o Haendel no LinkedIn, segue o cara para ter uma visão diferente sobre esses assuntos! :-)
Nesse papo de 5 Perguntas, falamos sobre:
A conexão entre Liderança e Gestão.
O que é Mindset.
A importância desse tema nesse momento de transformação que estamos vivendo.
O impacto nas pessoas de toda a avalanche de informação que recebemos todos os dias.
O Futuro do Trabalho.
Então, vamos lá! :-)
1. Haendel, qual a conexão da Psicologia com temas como Liderança e Gestão?
Conexão total. Diria que Liderança e Gestão habitam na interseção entre os campos de Administração e Psicologia.
O problema é que muitas vezes temas complexos da psicologia chegam de modo simplificado nos cursos de administração.
E livros e treinamentos de liderança podem ser distinguidos assim, num espectro que vai de abordagens ricas e bem fundamentadas até outras apenas românticas, simplórias ou, pior, que não fazem diferença na prática.
2. As pessoas têm falado muito sobre mindset. O que é mindset?
Mindset é sem dúvida um conceito que veio para ficar, e devemos seu alcance ao livro de Carol Dweck.
Diz respeito à nossa visão de mundo, e o quanto nosso repertório de valores e saberes determina a percepção que temos desse mundo.
Junto a isso, Carol nos presenteia com duas disposições do mindset, fixed e growth.
Mas, dez anos depois do livro, a Carol Dweck publica na HBR um artigo sobre como 'growth mindset' se tornou uma buzzword de entendimento limitado e, eu diria, nada growth, rs. Enfim, novamente a questão da superficialidade.
3. Qual a importância deste tema nesse momento de transformação que estamos vivendo?
Acho enorme, pois penso assim: você só irá tirar o melhor proveito da transformação que ocorre 'lá fora' se seu 'aqui dentro', isto é, seu mindset, estiver bem elaborado, abastecido de um bom repertório, e, sobretudo, disposto a se ressignificar na medida em que o mundo gira.
Isso envolve conhecimento de si, agilidade emocional, flexibilidade cognitiva, disposição autoral/criativa, e grande parte do que é definido hoje como soft skills.
Na minha experiência, é como se o mergulho na elaboração do mindset fosse a porta de entrada para o desenvolvimento das soft skills - e sabemos o quanto elas serão fundamentais daqui pra frente.
4. Quais os impactos que vc percebe nas pessoas com toda essa avalanche de dados e informações que estamos expostos diariamente?
Vivemos um momento glorioso quanto a 'conectar os dots', isto é, estabelecer pontes entre campos distintos de conhecimento.
Pessoalmente, meu empenho atual é articular o legado psicanalítico de Jacques Lacan aos temas corporativos, algo que vem recebendo ótima aceitação, felizmente.
Mas o contraponto desse deslizamento horizontal entre diferentes temas ou áreas é a perda do mergulho vertical em determinado assunto - falta aprofundamento -, e a perda de consistência ou rigor nos discursos é um dos piores impactos que a revolução digital tem a nos oferecer.
5. Como será o Futuro do Trabalho na sua visão?
Digo sempre em minhas palestras, e também no LinkedIn, que o mundo dos Jetsons não substituirá por completo o dos Flintstones.
Há um fio de continuidade, e não apenas de disrupção, nessa trama VUCA em que nos metemos. Então, profecias de que 'nada será como antes' não me seduzem tanto - e me apoio em Taleb para dizer isso.
De todo modo, irá se destacar na revolução digital o profissional capaz de navegar horizontalmente em áreas diversas sem, no entanto, perder a capacidade de mergulhar fundo em pelo menos uma delas.
Um baita desafio.
Já em relação a perder nossos empregos para as máquinas, não... Iremos perder nossos empregos para quem souber tirar o melhor proveito delas.
Ah, e obrigado, André, pela oportunidade de responder a essas ótimas perguntas!
Confira os outros papos da série "5 perguntas sobre o futuro"

José Renato Domingues, VP de RH e Funções Corporativas da CTG Brasil.
Você pode conferir o resultado desse papo clicando nesse link.
Noelia Cordero, Head de RH para Américas da Nokia.
Você pode conferir o resultado desse papo clicando nesse link.
Viviane Gaspari, VP de RH para a América Latina na Bayer Crop Science.
Você pode conferir o resultado desse papo clicando nesse link.
Boris Shibayama, Head de HR Shared Services para Américas na Novartis
Você pode conferir o resultado desse papo clicando nesse link.
Renato Volpe, VP de RH na Qurate Retail nos EUA.
Você pode conferir o resultado desse papo clicando nesse link.