A série "5 Perguntas" sempre tem um convidado para gerar insights sobre o Futuro dos Negócios e das Organizações. Mas, e se em vez da gente fazer as perguntas, que tal se respondessemos as perguntas dos leitores do Blog?
Essa foi a minha proposta para o pessoal que costuma ler nossos posts por aqui, no LinkedIn e no Instagram. 5 Perguntas foram selecionadas. E o resultado você pode conferir abaixo!
1. Quais as tendências de mudança nas relações de trabalho com o avanço da tecnologia e a entrada das novas gerações no mercado de trabalho?
(Pergunta de Pérsio Cordeiro, via Linkedin)
Persio, obrigado pela pergunta. Já estamos vendo a mudança acontecer na nossa frente. Não vejo nem mais como uma tendência. Há alguns meses, eu postei por aqui no Blog a imagem abaixo que ilustra bem todas essas transformações que ja estão ocorrendo.
Para os profissionais em geral, será preciso se preparar ainda mais. E como vimos na imagem acima, não necessariamente através de Programas Formais.
Os problemas de uma empresa no futuro já são e se tornarão cada vez mais complexos. Isso exigirá um novo conjunto de habilidades para os profissionais nos próximos anos.
Profissionais que trazem um profundo e especializado conhecimento de, pelo menos, uma área, mas que, ao mesmo tempo, têm a capacidade de "conversar" no "idioma" de uma gama diversa de disciplinas. Esse será o tipo de profissional mais requisitado nos próximos anos: o profissional híbrido.
Por exemplo: Profissionais de RH que tenham entendimento de Marketing Digital e Supply Chain. Profissionais de Marketing que entendam de Finanças & Analytics. Biólogos que entendem de Matemática e de Finanças....
E sem esquecer que um novo ramo de conhecimento será a base para todas as profissões nos próximos anos: conhecer bem as NOVAS TECNOLOGIAS.
Todas as profissões precisarão conhecer mais sobre "Digital", porque o mundo, os negócios e os produtos nos próximos anos serão digitais. Conhecê-las será tão fundamental quanto falar inglês hoje. Será essencial para fazer as conexões e se comunicar com as outras disciplinas de sua expertise.
Há quase 2 anos (janeiro/2018), fazemos porr aqui na FUTURO S/A uma análise dos números de vagas ofertadas aqui no LinkedIn em todo o mundo relacionadas ao mundo DIGITAL. Em Maio/2019 fizemos a mesma pesquisa. E agora, em Dezembro, analisamos novamente os números.
Veja os resultados:
Analisando as posições de forma mais detalhada, há vários cargos que não existiam há 3 ou 5 anos. Por outro lado, boa parte dos cargos eram relacionados a atividades que já existem no mercado: Vendas, Marketing, RH, Finanças, etc.
A grande diferença é que esses cargos estão se transformando. As atividades que já existem nas empresas estão demandando novas competências.
Além da necessidade de conhecer as novas tecnologias, aparecem com destaque competências conhecidas, mas pouco aplicadas:
Pensamento Estratégico.
Pensamento Empreendedor.
Adaptabilidade.
Análise Crítica.
Influência.
Comunicação.
Tomada de Decisão.
Gestão de Conflitos, etc
Isso vai se potencializar por conta da forma mais horizontal que as empresas têm se organizado e da introdução de novas formas de trabalhar das equipes.
________
Um texto bacana que escrevi aqui no Blog e que fala muito sobre essas mudanças para nós, profissionais, é o "12 habilidades que precisaremos desenvolver nos próximos anos". Ele dá um bom panorama de como podemos nos preparar para todos os desafios que teremos pela frente.
2. Lembrando do post do Amyr Klink, a "adaptabilidade" é a solução para as incertezas do futuro... Qual seria um bom método para desenvolver essa habilidade?
(Pergunta de David Nilo Jorge, via LinkedIn)
David, super obrigado pela pergunta! Esse vídeo do Amyr Klink é fantástico. E quem não viu, é só dar o play aí embaixo. São 2 minutos que valem a pena!
Todo o caos que o Brasil e o mundo 6em vivenciado por conta do Corona Vírus é um exemplo claríssimo de quando a adaptabilidade será "a" habilidade que precisaremos desenvolver.
Um artigo muito bacana da Harvard Business Review diz que a Adaptabilidade é a nova vantagem competitiva - e isso vale para profissionais e organizações.
Adaptabilidade é a habilidade que fez com que nós, seres humanos, conseguíssemos chegar até aqui. Atravessamos séculos evoluindo, criando, inventando, acelerando nosso desenvolvimento ao longo da história. E certamente é o que vai nos tirar dessa crise mundial.
Um trecho muito interessante deste artigo da Harvard Business Review que eu citei acima diz o seguinte:
In order to adapt, a company must have its antennae tuned to signals of change from the external environment, decode them, and quickly act to refine or reinvent its business model and even reshape the information landscape of its industry.
Adaptabilidade tem a ver, portanto, com a capacida de estar atento aos sinais de mudança que acontecem a todo tempo ao nosso redor - e que poucas pessoas prestam atenção no dia a dia. O próprio Corona já emitia sinais do seu potencial impacto. Mas, quem, de fato, prestou atenção e identificou ali um potencial cenário de um mega desafio que teríamos pela frente?
Ou seja, o recado da vida é claro: o mundo gira. E não para.
Desenvolver a adaptabilidade é o que vai diferenciar aqueles que estarão à frente das mudanças daqueles que não conseguirem se adaptar. Exemplos no mundo corporativo não faltam: Nokia, Kodak, etc.
Eu trabalhei na Nokia. E vi a ascensão e queda da gigante finlandesa no mercado por dentro. Um ponto central para a queda da empresa foi o fato de não se adaptar a um novo mundo que estava nascendo ali, quando o Steve Jobs apresentou o iPhone para o mundo.
E as mudanças continuam acontecendo. Algumas empresas estão atentas. Alguns profissionais conseguem perceber o impacto em suas carreiras. Mas outros não...
Quando nossos filhos, netos e bisnetos falarem sobre Inteligência Artificial, Robôs e Realidade Virtual, será como falamos hoje do Computador, do Celular, da Internet
O que hoje vemos como novidade, em muito pouco tem será comum. Será o “normal”. Será o status quo. E você? Vai olhar apenas para suas conquistas do passado? Ou está disposto a desenvolver novas habilidades, conhecer novas tecnologias, novas estratégias?
É bastante razoável dizer que ADAPTABILIDADE será "a" habilidade a ser desenvolvida em um mundo de mudanças aceleradas.
Como profissional, a adaptabilidade vai permitir que você identifique oportunidades onde os demais somente veem problemas. Vai lhe propiciar oportunidades de crescimento. A adaptabilidade vai possibilitar que você se torne mais flexível e não nade contra a corrente. E, principalmente, vai permitir que você experimente, teste novas abordagens, aprenda com essas experiências e lidere a mudança.
Seguem, então, algumas recomendações para desenvolver a adaptabilidade:
Estudar as tendências. O que está acontecendo dentro e fora do seu mercado e que pode impactar os negócios da sua empresa ou a sua carreira?
Criar ações para diferentes cenários. Com base nessas tendências, você ode trabalhar com cenários mais otimistas ou pessimistas. Mas o mais importante é estabelecer quais ações você vai realizar à medida que esses cenários se aproximem da realidade.
Desenvolver novas habilidades. Qual foi a última vez que você aprendeu algo novo? Quando foi a última vez que você fez algo realmente novo e que nunca tinha feito na vida? O que você precisa aprender e que pode gerar um baita diferencial na sua carreira nos próximos anos?
Conversar com pessoas com ideias novas e surpreendentes. Quem você precisa conhecer para lhe dar outras visões e provocar a sua forma de ver o mundo?
Novos desafios e situações. O que você pode fazer hoje para estar em contato mais próximo dessas tendências? O que você vai fazer para experimentar essas novas tendências? Em que desafios você vai se colocar para aprender o novo?
A melhor estratégia para desenvolver a adaptabilidade é expor-se a novos desafios e situações. Só quando a gente se depara com algo que a gente nunca fez é que a gente desenvolve essa capacidade.
3. O que sugere aos pais, para estimular as crianças e teens com foco no maior interesse pelas matérias STEM (Science, Tech, Engineering & Math)?
(Pergunta da Maria Celeste Guimarães, via LinkedIn)
Maria Celeste, super obrigado pela pergunta. É preciso pensar a Educação que precisamos criar hoje para formar pessoas para os desafios que teremos no Futuro.
Eu acredito demais em gerar todas as oportunidades possíveis para que crianças e adolescentes estejam em contato com múltiplos estímulos. E isso vai além da escola. Visitar museus, ver filmes associados a diferentes temas, assistir peças de teatro... Tudo pode ser um estímulo para despertar a curiosidade natural das crianças.
Essa é uma fase de grande descobertas. E quanto mais cedo descobrimos nossos talentos, temos mais chances de termos uma vida e uma carreira com mais significado e propósito.
Dito isso, é fundamental colocar as novas gerações em contato com essas disciplinas de uma forma lúdica. Mostrar como a Ciência, a Tecnologia, a Engenharia e a Matemática fazem parte da vida real. E não são sinônimos de decoreba e contas que a gente não sabe nem porque estamos fazendo.
Bons exemplos não faltam - e que podem se tornar inspiração para o nosso Brasil. A maior parte dos países que tem inovado nessa área tem colocado em xeque o modelo tradicional de educação que está por aí desde o Século XIX.
... Sai o decoreba e surge a capacidade de desenvolver o pensamento crítico.
... Sai o ensino por disciplinas que não conversam entre si. E surge o ensino que conecta horizontalmente todas essas discipinas.
.. Sai o aprendizado passivo com foco exclusivo no conteúdo. E surge o professor como facilitador desse processo e da conexão entre os temas.
... Sai o aprendizado meramente conceitual. E o surge o ensino que combina conceitos com ações e projetos práticos que resolvem desafios reais.
... Sai o aprendizado em só uma parte da vida. E surge o conceito de "lifelong learning" ou aprendizado por toda a vida.
Não tem nada de ultra revolucionário conceitualmente. Mas o fato é que isso não acontece num passe de mágica. Toda a estratégia, o modelo de ensino e a formação dos professores precisarão ser transformados e adaptados para criar as condições para tudo isso acontecer.
As boas práticas de países que passaram por essa transformação mostra que é um processo de médio e longo prazo, que dura décadas. E o principal: que é um processo em constante evolução por conta da velocidade das mudanças que estamos vivendo - e continuaremos a viver nos próximos anos.
Vale a pena conhecer dois exemplos bacanas: Singapura e Finlândia. Falei um pouco sobre isso nesse texto: "Os países que estão preparando suas crianças para o futuro do trabalho".
O maior risco para o Brasil nesta nova Era Digital é ficar pra trás nesse processo de transformação. E não conseguir contruir as bases para lidarmos com o futuro que vem pela frente. O Futuro começa com a Educação. Porque sem Educação não há Futuro.
4. Os chatbots e IA substituirão os entrevistadores nos processos seletivos?
(Pergunta de Renata Ponciano, via Instagram)
Não acredito nisso. Pelo menos, no curto prazo. Os chatbots e IA contribuem muito para a atividade de Recrutamento hoje, mas ainda não são capazes de substituir os grandes profissionais dessas áreas. Em especial, aqueles que não se limitam a falar sobre "Job Description" e tudo o que já está descrito no CV do candidato.
O fato é que, em geral, os recrutadores ainda falam muito sobre o passado.
E pouco, muito pouco, sobre o futuro.
De uma forma geral, fala-se muito pouco sobre o potencial dos profissionais. Daquele talento que nunca ninguém descobriu. Sobre as competências que a pessoa já está desenvolvendo e que serão importantes para o negócio. Da sua capacidade em desenvolver novas competências...
Não podemos achar que olhar o que a pessoa fez nas suas experiências anteriores não seja importante. É super importante. Mas olhar apenas para o presente e para o passado (normalmente o que reflete o currículo) é insuficiente para capturar todo o potencial e possibilidades de um profissional.
Limita a nossa visão. Em especial em um mundo onde tudo muda muito rapidamente.
Ter essa visão mais estratégica será o grande diferencial dos melhores recrutadores daqui pra frente. E isso um chatbot e uma IA ainda não conseguem realizar.
5. O que ocorrerá ao domesticarmos as tecnologias (inteligência artificial, nanotecnologia, biotecnologia, computadores quânticos entre outras) que estão tornando e tornarão ainda mais o futuro do trabalho algo radicalmente diferente daquele conhecido hoje?
(Pergunta de Jamesson Romão da Silva, via LinkedIn)
Jamesson, valeu pela pergunta. Não dá pra gente prever o futuro e saber exatamente o que vai acontecer. Mas uma coisa é certa: assim como aconteceu em todas as revoluções antriores, novos problemas e desafios surgirão para a humanidade. E, é claro, o trabalho será diferente.
As pessoas me perguntam muito sobre as Profissões do Futuro. Poderia listar mais de 50 potenciais profissões do futuro aqui. Mas minha dica é: NÃO PENSE nas profissões do Futuro. Pense nos PROBLEMAS que a SOCIEDADE e as PESSOAS terão no Futuro.
Seremos mais de 10 bilhões no Planeta até 2050. O ideal, na minha visão, é começar a pensar em como poderemos ajudar a resolver os Problemas que teremos. É aí onde vamos encontrar as principais oportunidades de TRABALHO no futuro.
E não precisamos nem chegar a 2050. O Corona Vírus é apenas um exemplo dos desafios que teremos pela frente. Por exemplo: atividades conectadas aos elementos abaixo são potencialmente geradoras de valor nos próximos anos:
1. Trabalhos associados à criação e desenvolvimento de Organizações Digitais (Novas Tecnologias, Dados e IA).
2. Trabalhos associados à Produção de Energia.
3. Trabalhos associados ao desenvolvimento de novos ecossistemas e infraestruturas para as Inovações que estão surgindo (Ex.: Carros Elétricos, Autônomos, etc).
4. Trabalhos associados ao Pensamento Estratégico, à Criatividade, à Inovação e à Saúde.
5. Trabalhos associados à Sustentabilidade do Planeta e da sobrevivência do Ser Humano.
Não pense nas profissões do Futuro.
Pense nos Problemas que precisaremos resolver no Futuro.
As Máquinas serão nossas parceiras nessa jornada!
______________
Quer saber quem já participou da série "5 Perguntas sobre o Futuro"?
Seguem as entrevistas da 2 primeiras Temporadas:
Temporada 1 (2018): Clique aqui para acessar.
Temporada 2 (2019): Clique aqui para acessar.
Temporada 3:
E a temporada 3 começou esse ano.
Olha as feras com quem ja conversamos até aqui:
Patrícia Bobbato, Líder de RH do Grupo Tigre
Henrique Valiatti, Diretor de RH da Roche Diagnostics:
Gabrielle Botelho, Diretora de RH da CGG para América do Sul
_______________
Não perca mais nenhum Post da Futuro S/A!
Se você curtiu esse post, assine a Newsletter da Futuro S/A para receber os novos posts diretamente em seu email. É super simples!
Basta clicar aqui e registrar seu email.
Leia o nosso Livro!
Kommentare