Para se adaptar a novas dinâmicas de mercado, organizações definem novas estratégias de negócios. Quando isso acontece, frequentemente essas transformações são acompanhadas de mudanças na sua forma de atuar e, sobretudo, em novas práticas e comportamentos que precisam passar a ser praticados.
O resultado é que a cultura da empresa precisa evoluir para que a empresa tenha sucesso em suas novas estratégias. Projetos de transformação cultural entram em ação em cenários como esse.
Além de dar mais clareza sobre a cultura, o grande objetivo é buscar desenvolver novos hábitos, comportamentos e práticas nas empresas. Elas definem uma cultura desejada que normalmente combina elementos que já fazem parte do DNA da empresa com novos atributos que a empresa precisa para ter sucesso nos próximos anos.
O problema é quando a cultura desejada se transforma em uma cultura utópica...
Ou pior: os funcionários percebem uma realidade totalmente oposta do que está escrito ali. Os funcionários percebem que está muito distante da realidade da empresa. São comportamentos que estão muito longe de serem praticados.
Um caso real
Realizamos aqui um projeto de cultura recentemente. Já havia na empresa um conjunto de comportamentos desejados na empresa. Ao realizar alguns grupos focais, percebemos que apenas 10% daqueles comportamentos eram realmente praticados na empresa!
E os outros 90% eram opostos ao que era, de fato, praticado na organização. E o pior: não havia nenhuma iniciativa para que esses comportamentos passassem a ser praticados. Aquela lista de comportamentos não era a realidade da empresa. Eram apenas palavras em um powerpoint.
Não era uma cultura desejada, pois não havia nenhuma ação dos executivos e líderes para tornar aquilo uma realidade na empresa. Era uma cultura utópica.
Você certamente conhece esse frase icônica do Alvin Toffler: "O analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender".
Pois é... o mesmo acontece em um processo de evolução cultural.
Além disso, há algo que contribui demais para criar uma cultura utópica: a empresa fechar os olhos para os comportamentos e práticas negativas, que bloqueiam o desenvolvimento da nova cultura.
Veja: nenhuma empresa é perfeita. Todas elas têm elementos negativos que podem bloquear a sua evolução. O problema é que fechar os olhos e não fazer nada com relação a esses comportamentos negativos tem um efeito avassalador.
Por maior que seja o esforço da empresa em promover os elementos positivos da cultura desejada, é preciso assumir elementos negativos que podem minar o efeito das iniciativas.
Por exemplo: se uma empresa deseja prover mais velocidade e agilidade na tomada de decisão, ela não poderá manter uma cultura hierárquica. É como querer andar com um carro a 100 km/h com o freio de mão puxado.
O resultado será um grande investimento de tempo, energia e dinheiro com resultados pífios. As pessoas estão vendo a manutenção de um comportamento negativo (a cultura hierárquica) que praticamente anula a boa intenção de desenvolver uma cultura de maior agilidade na tomada de decisão.
O efeito disso é a descrença dos funcionários.
As pessoas começam a não acreditar mais nas palavras do time executivo e do próprio RH.
Vira tudo um grande teatro.
Vira tudo uma grande... utopia.
Um abraço e até a próxima!
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