Há mais de 15 anos tenho liderado e trabalhado com times remotos em diferentes cidades do Brasil, EUA, Europa, América Latina, Oriente Médio e Ásia.
Seguem abaixo algumas lições importantes que aprendi que podem ser úteis para quem está enfrentando desafios em atuar nesse formato.
1. Pare de pensar no tempo que as pessoas estão trabalhando e comece a pensar nos resultados e no valor que as pessoas estão gerando.
Muita gente tenta simplesmente transpor o modelo tradicional-industrial do horário de 9h às 18h para o trabalho virtual.
Parece óbvio, mas muita gente se esquece de que o fato de uma pessoa ficar em frente ao computador o tempo todo das 9h às 18h participando de reuniões não garante que ela esteja gerando resultados.
Existe uma parte do trabalho que precisa ser executada no chamado "horário comercial". Mas, para alguns profissionais, podem haver atividades que eles possam executar em qualquer horário. Nesses casos, reflita se faria alguma diferença se esse trabalho fosse executado às 10h da manhã ou às 10h da noite.
Desde que o trabalho seja entregue em alta qualidade, qual a diferença se a pessoa começa a trabalhar às 11h da manhã ou se decide começar às 4h da manhã?
Isso fica ainda mais nítido quando há profissionais atuando em diferentes países. Liderei projetos onde a diferença de fuso era de 12h. Ou seja: 8h da manhã no Brasil significava 8h da noite em outro país.
Trabalhando dessa forma a gente começa a se desgarrar de alguns modelos mentais enraizados na nossa forma de atuar.
Trabalho não é um lugar onde você vai.
Não é sobre o tempo que você trabalha.
Trabalho é sobre o que você faz.
É sobre o valor e impacto que você gera.
2. Foque em criar soluções para os problemas.
Sua empresa tem uma série de problemas para resolver nesse momento.
Outras áreas também.
E principalmente: os clientes da sua empresa também.
Se você e o seu time não estão resolvendo os problemas que a sua empresa, as demais áreas e os seus clientes precisam resolver, vocês não estão gerando valor.
E não gerar valor é um risco enorme para carreiras e até para a existência de determinadas áreas nas empresas. Notícias como a que você vai ler abaixo se tornarão cada vez mais comuns.
Se o seu trabalho é rotineiro e você faz quase as mesmas coisas todos os dias, sem grandes variações e sem gerar valor, a chance de você ser substituído é muito grande.
Mesmo que você não seja substituído por algum programa, você poderá ser substituído por profissionais que geram mais valor do que você está gerando para a empresa.
O fato de um profissional gerar valor não garante seu emprego. Mas garante a sua empregabilidade. E garante, inclusive, que esse profissional venha a ganhar dinheiro de outras formas.
3. Evite todas as reuniões desnecessárias.
As reuniões (principalmente as virtuais) devem ser utilizadas principalmente como um espaço para decisões da equipe e, em especial, para resolver os problemas que os seus clientes têm hoje e no futuro.
Reflita sobre as reuniões que você participou esse ano. Em quantas delas foram resolvidos problemas reais dos clientes? O sucesso de uma empresa, de uma área e de qualquer profissional depende bastante de quanto tempo está sendo investido para resolver os problemas que seus clientes têm hoje e no futuro.
Não faça uma reunião para que uma pessoa fique lendo apresentações, arquivos em word ou excel. Isso deve ser enviado por email antecipadamente como leitura de todos.
Se uma reunião for realmente necessária para a tomada de uma decisão ou solução de problema, envie quaisquer documentos ou apresentações com antecedência e acorde que todos leiam o material antes da reunião.
Isso irá agilizar muito o processo de decisão na equipe.
Ao começar a reunião:
- tenha um slide pronto que resuma os itens que você precisa decidir ou solucionar com sua equipe.
- finalize com uma solução, uma pessoa responsável e um prazo para execução.
Por isso, reflita sobre suas atividades nos últimos meses. Reflita sobre as reuniões que você participa. Elas são decisivas para o seu desempenho como profissional e para a performance da sua equipe.
4. Reuniões para acompanhamento dos resultados e evolução das ações são essenciais.
Essa é uma das ações em que o líder poderá, de fato, gerar grande valor.
Esse é o momento de, por exemplo:
a) Identificar se as ações estão ocorrendo conforme o planejado e de acordo com as expectativas acordadas.
b) Checar potenciais dificuldades e desafios de cada integrante da equipe.
c) Reconhecer trabalhos com resultados espetaculares.
d) Dar Feedbacks para que as ações gerem ainda mais impacto.
5. Compartilhe os resultados do seu trabalho e da sua equipe!
As pessoas não vão saber o que você fez ao menos que você fale para elas. Isso não quer dizer que você vai ficar se autopromovendo, mas é preciso que as pessoas saibam o quanto o seu trabalho, dos seus pares e o do seu time estão, de fato, os problemas que estão sendo resolvidos, criando novas soluções, inovando, etc.
Reflita se você está atuando como uma pessoa que sabe atuar em equipe, que dá o crédito para quem realmente está gerando valor, para quem está gerando impacto.
6. Aprenda a trabalhar de forma autônoma - e dar autonomia para o seu time.
Estamos vivendo em uma era em que um estagiário tem o mesmo acesso ao conhecimento do mundo que o CEO da empresa.
Onde veremos o surgimento de um número crescente de organizações remotas.
Onde já vemos empresas como a Netflix substituindo as tradicionais políticas de viagem e de despesas por uma simples frase: "Aja com o melhor dos interesses da empresa."
Onde vemos a própria Netflix e empresas como a Auttomatic deixando para o funcionário a decisão de quantos dias vai tirar de férias no ano...
Onde você é o responsável pelas suas escolhas. E que as empresas e líderes estarão envolvidos em tantos desafios precisarão contar com profissionais com a capacidade de trabalhar com muito pouco ou quase nenhum supervisionamento.
Autonomia não significa anarquia. Quando falo de autonomia, estou falando de uma forma de trabalhar que considera, por exemplo:
Profissionais que sabem gerenciar suas próprias atividades.
Profissionais que sabem organizar seu próprio tempo e suas prioridades profissionais e pessoais.
Profissionais que trabalham com metas, mas sem que ninguém precise ficar fazendo follow-up para que possa atingi-las ou superá-las.
Responsabilidade com seu trabalho e respeito pelo tempo e atividade das outras pessoas.
Ter uma postura pró-ativa, trazendo suas opiniões e conhecimentos, debatendo, sugerindo e criando esratégias para novas formas de operar...
E, em especial, líderes que tenham a capacidade de dar a direção, sem precisar ficar microgerenciando toda e qualquer atividade ou decisão da sua equipe.
Tornar-se um profissional que tem a capacidade de trabalhar com muito pouco ou quase nenhum supervisionamento não será diferencial. Será a regra.
Essa habilidade será, em muito pouco tempo, o que é esperado de qualquer profissional - independente do tamanho e do segmento da organização ou dos clientes que a sua empresa atende.
E é uma habilidade ainda mais importante para quem trabalha virtualmente.
Tudo isso vai mexer com a forma com que líderes vão precisar operar. Profissionais autogerenciados, empresas remotas e multiculturais vão demandar um modelo de gestão e de liderança completamente diferente do que vemos hoje.
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Se eu pudesse resumir uma lição valiosa que tive em tantos anos liderando e trabalhando com equipes remotas, eu diria o seguinte:
Torne-se protagonista dessa nova realidade!
Não aguarde a mudança para se preparar.
Seja você o protagonista dessas mudanças na sua organização.
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