Uma pesquisa muito interessante do MIT com mais de 500 empresas nos EUA comparou o que estava descrito na lista de valores dessas organizações com a real experiência que seus funcionários tinham no dia a dia da empresa, baseado em dados de mais de 1,2 milhão de respostas no Glassdoor.
Para quem não conhece, o Glassdoor é um portal onde as pessoas podem publicar comentários sobre sua experiência como funcionário de uma empresa.
A análise do MIT revelou que nessas empresas praticamente não havia correlação entre os valores que elas comunicam e publicam em seus sites e o quanto as empresam vivenciam esses valores no dia a dia de acordo com a visão dos seus funcionários.
Ou seja: os valores estavam definidos, publicados e compartilhados no site e nos slides da empresa. Mas não eram, de acordo com os funcionários, vivenciados, de fato, por essas organizações.
E isso gera um grande problema para as empresas por um simples motivo:
Os valores de uma empresa só fazem a diferença no negócio se realmente moldarem os comportamentos, as atitudes, as atividades e decisões dos funcionários no dia-a-dia. É assim que se desenvolve a cultura de uma empresa.
A análise do MIT analisou a lista de valores dessas mais de 500 empresas e identificou 9 valores que aparecem com maior frequência: Agilidade, Inovação, Respeito, Integridade, Performance, Diversidade, Execução, Colaboração e Foco no Cliente.
Os 9 valores mais frequentes e a correlação próxima de zero na maioria desses elementos. Mesmo "Agilidade" com 0,22 ainda representa uma correlação bastante fraca entre o valor da empresa e como a empresa realmente opera, de acordo com a visão de seus funcionários.
Para piorar, as correlações foram negativas em quatro valores analisados (colaboração, foco no cliente, execução e diversidade). Nesse caso, uma correlação negativa quer dizer, na prática, que quanto mais ênfase uma empresas coloca nesses valores, mais negativa é a percepção dos funcionários.
Se a correlação negativa é de -1, isso quer dizer que a percepção é totalmente oposta. Na pesquisa essa correlação negativa também é muito fraca, próxima de zero.
Mas o que explicam esses resultados?
As razões para essas diferenças podem ser inúmeras. Em alguns casos, os valores estão descritos de forma ser tão genérica que poderiam ser aplicados a qualquer empresa. Em outras situações, os valores são tão distantes do que a organização pratica que eles se transformam apenas em belas palavras no powerpoint.
Mas o que mais influencia esse resultado é que os líderes não investem tempo e energia em temas como Valores e Cultura.
Isso ocorre muitas vezes porque os líderes acabam dedicando a maior parte do seu tempo com aspectos relacionados ao negócio. E acabam delegando temas considerados mais 'softs' para a área de Recursos Humanos.
É claro que focar nos resultados financeiros é essencial para a sobrevivência do negócio e para os resultados no curto prazo. Mas, no médio e no longo prazo, delegar esse tema apenas para o RH resolver pode gerar consequências extremamente danosas para uma empresa:
Dificuldade de engajar as equipes.
Dificuldade de manter talentos.
Perda em elevada quantidade dos talentos.
Isso está acontecendo atualmente em diversas empresas com quem realizamos projetos nos últimos meses. Até por conta da necessidade de manter seus negócios vivos durante a pandemia, a verdade é que os executivos focaram ainda mais nos números e nos resultados.
Á medida que o mercado se recupera, a competição por talentos acaba crescendo bastante. E quem não investiu tempo e energia em desenvolver a cultura de suas organizações está correndo agora atrás do tempo perdido.
Como já destaquei aqui nesse outro post, Valores e Cultura se tornou um tema absolutamente estratégico para a liderança nos últimos anos. Líderes das organizações que têm maior valor de mercado globalmente já perceberam isso.
Se você parar para analisar, as empresas de maior sucesso e destaque nas últimas décadas têm sido aquelas que maximizam o seu valor através de ativos intangíveis (marca, propriedade intelectual, dados, software, etc).
E sem pessoas, essa tarefa é impossível. É por isso que essas empresas investem tanto em desenvolvimento de líderes e cultura.
Como já havia destacado anteriormente, os valores de uma empresa só fazem a diferença no negócio se realmente moldarem os comportamentos, as atitudes, as atividades e decisões dos funcionários no dia-a-dia.
Se isso não está sendo feito, seu CEO, seu Time Executivo e seus líderes têm um grande problema para resolver.
Um abraço e até a próxima!
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