Os profissionais que vão vencer na era da IA
- André Souza
- há 32 minutos
- 4 min de leitura

É comum a gente ver notícias catastróficas sobre a IA sendo considerada como uma destruidora de empregos.
Mas será que essas notícias são 100% verdade considerando os seus efeitos até o momento?
Mas até o momento, o que a gente percebe como efeito mais imediato é a IA eliminando a versão superficial, repetitiva e de baixo valor agregado de atividades e cargos.
Basicamente, o que temos visto é a IA eliminando a versão "rasa" e de baixo valor dos cargos.
Por exemplo:
O profissional de marketing que apenas executa campanhas padronizadas está vulnerável. O profissional de marketing que cria estratégias baseadas em insights profundos de comportamento do consumidor e constrói narrativas comerciais autênticas e inspiradoras continua indispensável.
O profissional de RH que apenas cria políticas e só faz "RH para o RH" está em risco. Aquele que entende as dinâmicas humanas da organização, desenvolve cultura e constrói experiências significativas para os colaboradores permanece relevante.
O profissional de vendas que apenas apresenta produtos e tira pedidos pode ser substituído. O profissional de vendas que cria relacionamentos genuínos, entende profundamente as dores dos clientes e oferece soluções personalizadas continua essencial.
E os cargos que têm sido mais impactados por eliminar essas atividades "rasas" são as posições de entrada.
Só para gente ver um exemplo: veja que a porta de entrada para profissionais júniores está se fechando cada vez mais cedo: a contratação de recém-formados despencou 50% desde antes da pandemia.

Todos os níveis de senioridade foram afetados em 2023, mas enquanto as contratações se recuperaram em 2024 para cargos de nível médio e sênior, o corte continuou para os recém-formados:
Nas Big Techs: Recém-formados representaram apenas 7% das contratações em 2024. Isso representa uma queda de 25% em relação a 2023 e de mais de 50% em relação a 2019 (pré-pandemia).
Nas Startups: Apenas 6% das contratações foram de recém-formados. Isso representa uma queda de 11% desde 2023 e de mais de 30% comparado a 2019 (pré-pandemia).

O Profissional do Futuro: os Polímatas Digitais
Se a versão "rasa" e "júnior" das atividades está sob ameaça, o que fazer, então?
A resposta imediata seria tornar-se mais "profundo" e "acelerar a senioridade", certo?
Profundidade será importante, mas isoladamente não é o melhor caminho...
Tornar-se um especialista (ou até um multiespecialista) seria uma resposta adequada se vivêssemos no Século XX, onde o modelo de sucesso ainda era a carreira linear, o emprego de longo prazo e de uma sensação maior de estabilidade.
A especialização isoladamente não é mais a resposta para os desafios que a gente possui hoje.
O futuro pertence aos Polímatas Digitais: profissionais que transitam entre diferentes domínios e criam valor nas interseções entre esses múltiplos conhecimentos:
O profissional de marketing que entende muito de análise de dados e automação.
O gestor de RH que domina ferramentas de IA e negócios.
O profissional de vendas que sabe conectar seu lado comercial a conhecimentos em psicologia e estatística.
Veja nesse corte de 1 minuto o que eu comentei recentemente em um podcast da ABRH do Mato Grosso sobre os Polímatas Digitais:
E para acelerar a senioridade? O que as pessoas podem fazer?
A formação tradicional foi pensada para atender necessidades de uma outra época. Isso significa, na prática, que você precisará assumir o protagonismo no seu desenvolvimento.
Não foque em diplomas. Foque em resultados concretos.
Aprenda fazendo. Utilize a IA como alavancagem.
Veja:
Crie sua própria experiência: Projetos, freelas, criações em IA e side projects têm mais peso hoje do que um diploma isolado. O mercado quer ver a capacidade de entrega e a fluência na ferramenta.
Invista em habilidades de alto Impacto: Combine domínio técnico (automação, dados, IA) com o que a tecnologia ainda não entrega, o Quociente Humano: empatia, julgamento, ética e liderança. Essas são as habilidades de Emprego de Alto Valor (High-Value Work) que a IA não copia.
Utilize a IA como alavancagem (multiplicando por 10x o Output): A IA é uma ferramenta para gerar mais valor e resultados com menos tempo. O objetivo é ser o profissional que utiliza a IA para multiplicar sua produção (tornar-se 10x mais eficiente), e não o profissional que será substituído por ela.
Assuma o Protagonismo do seu desenvolvimento: Espere menos da faculdade e mais de si. Aprenda o que o mercado exige, mesmo que isso não esteja no currículo acadêmico. O aprendizado contínuo é o novo seguro-desemprego.
Já se inscreveu na Masterclass "Megatendências 2026"?
A escolha é de cada um.
Profissionais que abraçam a IA como ferramenta de alavancagem vão prosperar significativamente. Aqueles que resistem, esperando que as coisas "voltem ao normal", vão descobrir (talvez tarde demais) que o normal mudou definitivamente.
A distância entre esses dois grupos será medida em suas velocidades de adaptação.
Você tem duas escolhas: evoluir junto com a tecnologia ou ser substituído por alguém que decidiu evoluir. Não é uma questão de "se". É uma questão de "quando".
Sobre o autor
André Souza é fundador e CEO da FUTURO S/A, consultoria que ajuda a realizar transformações na cultura, na estratégia e no RH de grandes empresas.
Ao longo de sua carreira, André atuou como Executivo de RH liderando equipes e projetos na América Latina, EUA e Europa em grandes organizações como Bayer, Monsanto, Coca-Cola Company, Newell Brands & Nokia.

André é formado em Administração pela UERJ e Mestre Acadêmico em Administração de Empresas pela PUC-Rio.
Além disso, possui certificação internacional como Master Trainer da StrategyTools na Noruega e em “Futures Thinking & Foresight” pelo Institute for the Future em Palo Alto, na Califórnia (EUA);
André é autor de 4 livros:




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