10 verdades duras para quem deseja criar times de alta performance.
- André Souza
- 1 de ago.
- 7 min de leitura
Atualizado: 3 de ago.

Se preferir, você pode ouvir o resumo desse episódio como se fosse um podcast, criado pelo NotebookLM do Google. É só dar o play abaixo!
Ao longo de tantos anos trabalhando com empresas, vi (e continuo vendo) de perto o que realmente impulsiona e o que sabota a performance de uma organização.
Boas intenções não bastam. Muitas vezes, elas vêm acompanhadas de hábitos que travam as equipes e impedem qualquer avanço real.
Se o seu time ou sua empresa quer mesmo evoluir, precisa encarar verdades desconfortáveis.
Ignorá-las pode parecer mais fácil. Mas o custo pode ser alto... A empresa que varre a poeira pra debaixo do tapete acaba não conseguindo fazer as transformações que realmente precisa para fazer mais e melhor.
A seguir, compartilho 10 provocações pra ajudar líderes e organizações a saírem do discurso e encararem o que realmente precisa mudar.

1. Os funcionários mais "chatos" podem ser os mais valiosos.
Sabe aquele profissional que vive questionando, que sempre cutuca o time com “por que a gente faz assim?” ou “não dava pra fazer melhor?”? Sim, aquele que os líderes e os pares muitas vezes chamam de “chato”? Pois é. Muitas vezes, esse é justamente quem mais agrega valor.
Enquanto alguns líderes veem esse perfil como problema, empresas de alta performance enxergam como um baita ativo. São essas pessoas que desafiam o status quo e forçam o time a sair da zona de conforto. Eles não se contentam com a mediocridade, apontam falhas que outros ignoram e forçam a equipe a evoluir.
Enquanto alguns líderes veem esses funcionários como um fardo, líderes de empresas de alta performance reconhecem neles o motor da inovação e do crescimento.
2. Turnover baixo pode ser estagnação disfarçada.
Ter pouca rotatividade parece bom, né? Mas a gente sempre precisa olhar números frios com cuidado. A pergunta que a gente precisa se fazer é: "quem está aqui conosco no dia a dia está realmente entregando? Está crescendo junto com a empresa? Ou parou no tempo?
Se há pessoas acomodadas, sem ambição, sem curiosidade e sem entregar de verdade... esse "turnover baixo" pode ser um sintoma de estagnação.
É sempre importante lembrar: cultura de alta performance não se constrói só com tempo de casa. É algo que se constrói com pessoas e times que geram resultados concretos.

3. Resultados valem mais do que esforço.
A área de Marketing pode ter feito uma campanha que deu um trabalhão danado pra sair, mas se não engaja os clientes e não traz vendas, ela terá pouquíssimo valor.
O RH pode ter feito um programa completo de desenvolvimento de liderança, com trilhas de aprendizagem, eventos e mentorias… mas se os líderes continuam despreparados para engajar, decidir e entregar resultados com suas equipes, o impacto real é quase nulo.
Não importa quantas horas foram investidas nem o quanto o projeto foi elogiado internamente. O que vale mesmo é se a iniciativa mudou comportamentos e gerou resultados visíveis para o negócio.
Trabalhar muito não é o mesmo que entregar valor. Times de alta performance entendem que esforço é apenas o meio e não o fim. O que realmente importa são entregas que fazem diferença, que trazem resultados concretos.
Esforço é importante. Mas em times de alta performance, esforço está sempre a serviço de um propósito claro: gerar impacto. Aprendizados, testes e até erros fazem parte do processo… desde que levem a algum tipo de impacto mensurável.
Resultados de verdade (como aumento nas vendas, redução de custos ou melhor experiência para o cliente) são o verdadeiro termômetro do sucesso.
4. Talentos não são talentos em todo tipo de cultura..
Nem todo talento se encaixa em uma empresa. O fato de alguém ser super qualificado não quer dizer que terá uma super performance no seu time. Cultura conta. E muito!
Um profissional altamente qualificado, com um currículo impressionante e habilidades excepcionais, pode parecer o candidato ideal para um time de alta performance. Mas talento por si só não garante sucesso se os valores, o jeito de trabalhar ou as motivações de uma pessoa não estiverem alinhados com a cultura e os objetivos do time.
Quantas vezes vimos talentos espetaculares em uma empresa não darem certo em outras empresas?
Um indivíduo criativo e disruptivo, que funciona super bem em ambientes flexíveis e inovadores, pode se sentir sufocado em um time com processos rígidos e hierárquicos. Da mesma forma, um profissional metódico, que valoriza estrutura e previsibilidade, pode se frustrar em um ambiente caótico, voltado para experimentação rápida.
Se o talento não se conecta com a cultura, não tem currículo que resolva.

5. RH estratégico é o que entrega o que a empresa nem sabe que precisa.
RH estratégico não é necessariamente o RH que tem espaço com o CEO. Ser estratégico é antecipar, provocar, conectar dados e traduzir necessidades ocultas em soluções que geram valor real. RH relevante não entra na sala do CEO ou da Diretoria para anotar pedidos. Entra para propor temas e pautas que ninguém tem coragem de colocar na mesa.
Um RH que não incomoda, que diz "sim" o tempo todo e vive para agradar todo mundo provavelmente não está fazendo seu trabalho. Transformar culturas e gerar ambientes de alta performance demanda, muitas vezes, desconforto e uma certa dose de conflito positivo.
6. Rotatividade alta é, muitas vezes, sinal de liderança fraca.
Não adianta culpar o mercado, as novas gerações ou o home office. No final das contas, o principal motivo que fazem as pessoas deixarem uma empresa ainda é o líder.
Por isso, é importante que as empresas invistam em como escolher e preparar melhor seus líderes.
Muitos líderes acabam repetindo fórmulas do passado que não funcionam mais para os dias de hoje. Tem muito talento bom que deixa a empresa porque não se sente desafiado, respeitado ou visto. E tem líder que, por insegurança, afasta quem brilha mais que ele. No fim das contas, a qualidade da liderança diz muito sobre a saúde da cultura.
Gestão medíocre é o maior sabotador de equipes e de culturas de alta performance. Cultura de alta performance começa por contratar e desenvolver líderes de alta performance.

7. Muitas empresas (às vezes, sem nem perceber) alimentam uma certa tolerância à baixa performance.
Você já trabalhou em alguma empresa onde os problemas eram claros mas nunca se resolviam? Você já trabalhou em algum lugar onde se você tomasse a iniciativa de fazer alguma melhoria, você era de alguma forma bloqueado e seus projetos não avançavam? Você já trabalhou em alguma empresa onde havia uma certa tolerância para a baixa performance?
Muitas empresas, querendo ou não, criam um ambiente que sufoca quem quer fazer a diferença de verdade. Elas falam de inovação, mas quando alguém questiona algo, acaba sendo colocado de lado. No fim, isso gera dois problemas:
Todo mundo acha normal entregar pouco.
Quem é de alta performance acaba sendo colocado para escanteio.
Uma cultura que, mesmo sem querer, tolera quem fica na zona de conforto, quem não busca melhorar, quem não inova e se contenta com o básico. No médio e longo prazo, isso pode levar a empresa à irrelevância, sem chance de competir no mercado.
8. Liderança que mede tudo mas não age, não está fazendo o seu verdadeiro trabalho.
Ter um monte de dashboards cheios de números é legal pra mostrar em reunião, mas não valem nada, se não se transformarem em ação.
Um líder que faz diferença pega essas informações e transforma em mudanças de verdade: identifica os desafios, propõe soluções práticas e mexe no que precisa ser mexido. Se um líder só ficar criando gráficos e não colocar a mão na massa em cima desses números, ele não estará fazendo o seu papel.

9. Evitar conversas difíceis é adiar a alta performance..
Todo mundo quer uma cultura de alta performance. Mas pouca gente tem coragem de encarar uma das atitudes que mais sabotam isso: a falta de conversas difíceis.
A verdade é que boa parte das empresas está recheada de conversas mornas, de reuniões que evitam o óbvio e de feedbacks cheios de rodeios.
Não dá pra construir uma cultura de alta performance em cima de uma comunicação artificial. Alta performance exige clareza, coragem e consistência. E isso só vem quando há espaço para conversas honestas.... e difíceis!
Conversas difíceis são aquelas que expõem o que está todo mundo vendo, mas ninguém tem coragem de dizer (ou que só dizem para o colega durante o almoço).
Sim, às vezes, uma conversa difícil pode doer. Mas é essa dor que faz um time evoluir. Evitar conflitos só adia problemas que vão custar mais caro lá na frente no clima, na produtividade e na perda de talentos.
Empresas que performam de verdade não fogem do desconforto. Elas entendem que evitar uma conversa difícil é escolher manter um problema ativo.
Elas investem em preparar líderes e times para lidar com verdades incômodas com respeito, objetividade e responsabilidade.
Se a sua empresa diz que quer evoluir, mas não tem coragem de conversar sobre o que realmente importa… talvez o maior bloqueio não esteja na estratégia. Esteja no que líderes e equipes ainda não têm coragem de falar.
10. O que a sua empresa tolera se torna parte da sua cultura.
Cultura não é aquele quadro estiloso na recepção ou um slide bonito no PowerPoint.
Cultura é o que a sua empresa faz de verdade, o que ela valoriza e, principalmente, o que ela deixa passar no dia a dia. Se coisas como desrespeito, fofoca ou gente que entrega o mínimo rolam solto e ninguém faz nada, adivinha o que vai acontecer? Isso vai se incorporar à sua cultura.
Não tem jeito: o que você tolera também define a cultura da sua empresa.
De nada adianta caprichar em eventos de “valores” ou espalhar frases motivacionais pelas paredes se as atitudes, especialmente dos líderes, não batem com o discurso. Falar bonito é fácil, mas é o que as pessoas fazem que conta.
Mudar de verdade exige coragem: encarar de frente comportamentos tóxicos, colocar a excelência como prioridade, desligar quem arrasta os times pra trás...
Todas essas ações mostram aquilo que a sua empresa não tolera. E o exemplo é a forma mais eficaz de colocar a sua cultura em ação.
Porque, no fim das contas, cultura não é o que você diz, é o que você pratica.

Essas verdades podem ser incômodas, mas ignorá-las é condenar seu time e a sua empresa à estagnação e à irrelevância.
A pergunta é: você está pronto para enfrentar o desconforto que leva à transformação?
Quais dessas verdades a sua empresa a sua empresa pode estar ignorando? E o que você faria pra mudar isso? Quais outras verdades você incluiria nessa lista?
Grande abraço e até a próxima!
Sobre o autor
André Souza é fundador e CEO da FUTURO S/A, consultoria que ajuda a realizar transformações na cultura, na estratégia e no RH de grandes empresas.
Ao longo de sua carreira, André atuou como Executivo de RH liderando equipes e projetos na América Latina, EUA e Europa em grandes organizações como Bayer, Monsanto, Coca-Cola Company, Newell Brands & Nokia.

André é formado em Administração pela UERJ e Mestre Acadêmico em Administração de Empresas pela PUC-Rio.
Além disso, possui certificação internacional como Master Trainer da StrategyTools na Noruega e em “Futures Thinking & Foresight” pelo Institute for the Future em Palo Alto, na Califórnia (EUA);
André é autor de 4 livros:




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