Quando os líderes fecham os olhos: o perigo de ignorar a cultura real da sua empresa
- André Souza
- 2 de abr.
- 2 min de leitura

No final da década de 80, a Kodak contratou a futurista Faith Popcorn para compartilhar com o Time de Liderança da empresa a sua visão sobre o futuro dos filmes fotográficos.
Com base em pesquisas da época, a futurista fez a apresentação à Kodak. E concluiu que o futuro da fotografia seria DIGITAL.
A resposta dos líderes da Kodak foi muito interessante:
“Não foi isso que perguntamos a você. Queríamos saber o futuro dos filmes fotográficos.”
Abruptamente, eles lhe pediram para encerrar a apresentação e finalizaram a reunião.

Essa história ilustra bem a reação de alguns líderes em determinadas etapas de nossos projetos de transformação cultural.
Uma das primeiras etapas que realizamos nessa jornada é o mapeamento dessa cultura.
Após uma série de pesquisas, assessments, entrevistas e grupos focais, apresentamos um diagnóstico do verdadeiro DNA da empresa.
Esse diagnóstico não contempla apenas o lado positivo da cultura.
Ele apresenta também os elementos que bloqueiam o sucesso da empresa. Sim, aqueles elementos que ninguém gosta de falar (ou que são pontos cegos), mas que estão lá presentes no dia a dia da empresa.
É nesse momento que a reação de alguns líderes se parece muito com a que os líderes da Kodak tiveram.
Alguns entram em negação ao descobrirem que o DNA da empresa não é exatamente aquela lista de valores que está no site e nas apresentações no Powerpoint...
Outros ficam atônitos ao conhecer comportamentos que são amplamente praticados na empresa, mas que são verdadeiros bloqueadores da sua estratégia.
Da mesma forma que a Kodak preferiu negar uma tendência, esses líderes acabam cometendo um erro semelhante. Preferem focar apenas nos elementos positivos de todo o diagnóstico e não dar tanta atenção aos elementos negativos. Acabam varrendo os problemas para debaixo do tapete.
Negar a realidade é uma escolha. Mas como vimos no caso da Kodak, nem sempre essa será a melhor escolha para a empresa.
Comprometer-se a encarar os desafios de frente e liderar essa jornada é o primeiro passo para a transformação.
Sem isso a transformação cultural simplesmente não acontece.
Um abraço e até a próxima.

Sobre o autor
André Souza é fundador e CEO da FUTURO S/A, consultoria especializada em transformar empresas em organizações de alta performance.
Nos últimos 20 anos, André atuou como Executivo de RH liderando equipes e projetos na América Latina, EUA e Europa em grandes organizações como Bayer, Monsanto, Coca-Cola Company, Newell Brands & Nokia.
André é formado em Administração pela UERJ e Mestre Acadêmico em Administração de Empresas pela PUC-Rio.
Além disso, é Master Trainer da "StrategyTools" na Noruega e possui Certificação em “Futures Thinking & Foresight” pelo Institute for the Future em Palo Alto, na Califórnia (EUA).
André é autor de 4 livros:
FUTURO S/A

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