O LinkedIn já era? Como a OpenAI vai redesenhar o mercado de trabalho.
- André Souza
- 4 de out.
- 4 min de leitura

Quando a OpenAI anunciou a criação da “OpenAI Job Platform”, muita gente correu para dizer que isso seria o “fim do LinkedIn”. Será mesmo?
Sinceramente? Eu não acho que seja por aí.
Reduzir essa iniciativa a uma disputa entre plataformas é não perceber a verdadeira revolução que pode estar começando.
Eu vejo que a OpenAI pode estar construindo algo muito maior.
Eu vejo esse movimento como uma potencial revolução no mercado de trabalho, baseada em dados, inteligência e sobretudo no que fazemos todos os dias no ChatGPT: nossas buscas, interações e aprendizados por lá.

O que torna o Job Platform da OpenAI diferente?
O Job Platform não será um simples mural de vagas. Seu diferencial está no acesso inédito aos dados reais de aprendizado e desenvolvimento das pessoas.
Olha o que a orópria OpenAI fala sobre o Job Platform em seu site:
"Usaremos a IA para localizar combinações perfeitas entre o que as empresas buscam e o que os profissionais oferecem."
Traduzindo:
Cada vez que você pede ajuda ao ChatGPT, você está revelando, através de suas perguntas e pesquisas, quais competências está tentando desenvolver.
E por outro lado, cada vez que uma empresa também recorre à ferramenta, ela mostra quais problemas o negócio está tentando resolver.
Agora imagine o poder do cruzamento dessas informações...
O resultado pode ser um processo de matching inteligente, capaz de conectar pessoas e oportunidades antes mesmo de uma vaga existir.

Qual futuro que isso projeta?
A OpenAI está sinalizando um movimento de mudança clara: o mercado de trabalho do futuro será organizado em torno de habilidades reais e resultados concretos (e não por cargos, títulos ou credenciais).
Em vez de competir com o LinkedIn, ela está abrindo outro espaço: ser um hub entre necessidades das empresas e profissionais capazes de suprirem essas demandas.

Para as pessoas, isso vai mudar tudo.
Sai a lógica tradicional do “aplicar para uma vaga e esperar” e entra uma nova mentalidade: a de aprender continuamente, demonstrar competências e ser encontrado pelo que você realmente sabe fazer.
Diplomas e experiências anteriores continuam relevantes, mas deixam de ser o centro da decisão. O que passa a contar é a sua capacidade de evoluir, aprender rápido e gerar impacto real.

E os problemas e riscos dessas mudanças?
Por outro lado, apesar de estarmos falando do lado positivo dessas mudanças, há opiniões que pode haver uma estratégia maior por parte da OpenAI com o Job Platform.
Li um artigo muito interessante da Anita Lettink sobre o tema.
Resumo abaixo alguns de seus insights:
O Job Platform pode ser um "cavalo de Troia"
Enquanto muitos acham que é apenas um novo LinkedIn, o Job Platform pode não ser apenas sobre conectar pessoas a vagas.
A ferramenta pode ser um cavalo de Troia para posicionar a OpenAI no momento exato em que empresas tomam decisões de contratação, sugerindo agentes de IA como alternativas aos profissionais "humanos".
Dados como moeda
Cada interação com o ChatGPT ou com o Job Board gera dados sobre habilidades, expectativas e perfis comportamentais. Esses dados podem alimentar sistemas de IA que, no futuro, competirão com o trabalho humano.
Canal direto com as empresas
A OpenAI já anunciou parcerias com gigantes como Walmart e Accenture para acelerar o desenvolvimento de competências em IA. Isso indica que o objetivo pode ir além de conectar talentos e empresas. Pode ser a criação de um canal direto para automação e serviços baseados em IA.

O Job Board significa o fim do LinkedIn?
Provavelmente não. O LinkedIn continuará relevante como rede de relacionamento e visibilidade profissional.
Mas se o Job Platform cumprir as expectativas, o jogo no mercado de trabalho tende sim a mudar bastante.
E isso significa que o LinkedIn precisará evoluir (como todas as empresas) para continuar relevante. E há um ponto estratégico aqui: a Microsoft, dona do LinkedIn, é uma das principais investidoras da OpenAI.
Ou seja, ela acompanhará tudo de perto e certamente adaptará o LinkedIn para continuar relevante nesse novo mundo do trabalho.

O que você pode fazer daqui para frente
As pessoas vão precisar mudar o olhar sobre carreira, aprendizado e liderança.
Não se trata apenas de entender IA. Trata-se de reaprender a gerar valor e como "vender" bem esse valor que você gera ao mercado.
Por exemplo:
Construa relevância pelo impacto. Mostre o que você entrega e o quanto evolui, não apenas o que você sabe ou o cargo que ocupa.
Pense na sua carreira com uma mentalidade de construção de portfólio de projetos e resultados (e não de cargos e títulos que você obteve).
Adote uma mentalidade de aprendizado contínuo.
Priorize em seu desenvolvimento o que é mais difícil de automatizar.
Aprenda a construir sua marca profissional e a vender muito bem o seu peixe.
No fim das contas, a pergunta não é se a IA vai mudar o trabalho.
Isso já está acontecendo.
A pergunta é: quais serão as suas estratégias para você continuar gerando valor, impacto e resultados nesse novo mundo?
Um abraço e até a próxima! :-)
Sobre o autor
André Souza é fundador e CEO da FUTURO S/A, consultoria que ajuda a realizar transformações na cultura, na estratégia e no RH de grandes empresas.
Ao longo de sua carreira, André atuou como Executivo de RH liderando equipes e projetos na América Latina, EUA e Europa em grandes organizações como Bayer, Monsanto, Coca-Cola Company, Newell Brands & Nokia.

André é formado em Administração pela UERJ e Mestre Acadêmico em Administração de Empresas pela PUC-Rio.
Além disso, possui certificação internacional como Master Trainer da StrategyTools na Noruega e em “Futures Thinking & Foresight” pelo Institute for the Future em Palo Alto, na Califórnia (EUA);
André é autor de 4 livros:




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