Qual será o futuro dos profissionais júniores na era da I.A?
- André Souza
- 3 de jun.
- 4 min de leitura

O paradoxo da experiência sempre existiu. É o que acontece quando o mercado exige experiência de quem ainda está tentando conseguir o primeiro emprego.
Mas como ganhar experiência sem uma primeira chance?
Segundo o mais recente relatório "State of Talent 2025", da SignalFire, esse paradoxo ganhou uma nova dimensão no setor de tecnologia.
Veja: a porta de entrada para novos profissionais está se fechando cada vez mais cedo: a contratação de recém-formados despencou 50% desde antes da pandemia.

Todos os níveis de senioridade foram afetados em 2023, mas enquanto as contratações se recuperaram em 2024 para cargos de nível médio e sênior, o corte continuou para os recém-formados:
Nas Big Techs: Recém-formados representaram apenas 7% das contratações em 2024. Isso representa uma queda de 25% em relação a 2023 e de mais de 50% em relação a 2019 (pré-pandemia).
Nas Startups: Apenas 6% das contratações foram de recém-formados. Isso representa uma queda de 11% desde 2023 e de mais de 30% comparado a 2019 (pré-pandemia).

E por que isso está acontecendo?
Uma das explicações é econômica.
Entre 2020 e 2022, empresas cresceram num ritmo artificial, impulsionado por juros baixos e muito capital disponível para investimentos.
Isso gerou grandes ondas de contratação, inflacionou salários e aumentou equipes.
O problema que esse ciclo acabou.
Com o fim do "dinheiro fácil", as empresas entraram em um modo completamente diferente: orçamentos mais apertados e contratações cada vez mais enxutas.

Além disso, a gente pode observar 3 forças convergindo cada vez mais:
Automação de tarefas repetitivas: A IA começa a eliminar os cargos de entrada baseados apenas em execução simples.
Expectativas elevadas de Performance: Líderes vão esperar performance mais sênior dos mais jovens e recém-formados.
Desconexão da formação e mercado: Faculdades e cursos técnicos continuam entregando diplomas mas não com a formação que o mercado precisa.

Todo esse cenário afeta muito mais do que jovens profissionais. Isso afeta a sustentabilidade da força de trabalho e das empresas no longo prazo....
Sem investir em novos talentos hoje, como formar os líderes de amanhã?
Se não investimos hoje na formação de novos talentos, as empresas terão problemas em inovar e garantir sua sustentabilidade nos próximos anos.
As empresas deixam de formar líderes futuros. E o resultado de tudo isso é uma geração repleta de ideias e potencial, mas sem espaço para contribuir.
Esse paradoxo não vai se resolver sozinho.
Ele exige ação das empresas e dos jovens profissionais.

O que os jovens podem fazer:
Crie sua própria experiência: Projetos autorais, freelas, hackathons, criações em IA — tudo isso tem mais peso hoje do que um diploma isolado.
Invista em habilidades de alto impacto: Combine domínio técnico (automação, dados, IA) com o que a tecnologia ainda não entrega: empatia, julgamento e liderança.
Assuma o protagonismo da sua formação: Espere menos da faculdade e mais de si. Aprenda o que o mercado exige, mesmo que isso não esteja no currículo acadêmico.

E o que as empresas precisam fazer:
Tornar-se verdadeiras EdTechs internas: Como já havíamos compartilhado em nosso Relatório Megatendências 2023, as empresas do futuro formarão seus próprios talentos. Vão criar trilhas de desenvolvimento rápido, sob demanda, com foco em execução e aprendizado contínuo.
Redesenhar programas de entrada: Estágios, trainees e bootcamps devem ser repensados como laboratórios de talentos combinando mentoria, desafios reais e preparação intensiva.
Apostar em quem aprende rápido, não só em quem já sabe: O diferencial estará na capacidade de aprender com velocidade e aplicar com impacto e não no currículo perfeito.
***
O paradoxo da experiência não é só um desafio só do mercado de tecnologia.
Com o avanço da IA, esse é um movimento que pode começar a invadir outros mercados. E pode se tornar um risco estrutural para o futuro da inovação e da sustentabilidade das organizações no médio e longo prazo.
Afinal, sem investir em novos talentos hoje, quem serão os líderes da empresa no futuro? Empresas que deixam de apostar em novos talentos hoje estarão, inevitavelmente, despreparadas para o amanhã.
Por outro lado, jovens que não encontram espaço para começar, acabam retraindo sua criatividade, sua energia e sua vontade de transformar.
Ou as empresas começam a reinventar o modelo de porta de entrada no mercado de trabalho ou elas podem ficar presos em um ciclo de escassez de pessoas e de inovação.
Se não forem criados espaços para os jovens agora, não teremos quem conduza as organizações no futuro.
Sobre o autor
André Souza é fundador e CEO da FUTURO S/A, consultoria que ajuda a realizar transformações na cultura e no RH de grandes empresas.
Ao longo de sua carreira, André atuou como Executivo de RH liderando equipes e projetos na América Latina, EUA e Europa em grandes organizações como Bayer, Monsanto, Coca-Cola Company, Newell Brands & Nokia.

André é formado em Administração pela UERJ e Mestre Acadêmico em Administração de Empresas pela PUC-Rio.
Além disso, possui certificação internacional como Master Trainer da StrategyTools na Noruega e em “Futures Thinking & Foresight” pelo Institute for the Future em Palo Alto, na Califórnia (EUA).
André é autor de 4 livros:




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