O colapso da carreira linear e a nova lógica do trabalho.
- André Souza
- 13 de set.
- 4 min de leitura
Atualizado: 15 de set.

Todo mundo fala da I.A. ameaçando empregos. Mas pouca gente fala da mudança mais profunda: o conceito de "carreira" nessa nova era.
Conversei essa semana com mais de 100 líderes de RH do Agro em Cuiabá. Uma das coisas que comentei é que estamos vivendo aqueles grandes momentos de virada no mundo do trabalho...

O colapso da carreira linear
Antes, dava para prever uma carreira com 3 ou 5 anos de antecedência. Hoje, isso é quase impossível.
As pessoas vão viver cada vez mais. E as carreiras serão mais longas. Isso significa que a chance de você encontrar aquele currículo “perfeito” (linear, sem buracos, cheio de logos de empresas famosas) vai diminuir bastante...
A imagem abaixo, baseada em um post de algum tempo do CEO do LinkedIn, ilustra um pouco dessa mudança que já estamos vendo...

Apesar de ser a preferência número 1 dos RHs nas empresas, os "currículos perfeitos" podem ter um efeito negativo que não é tão óbvio. Eles podem esconder nas entrelinhas uma experiência repetitiva e pouco relevante para os desafios que as empresas terão no futuro...
Eu já entrevistei milhares de pessoas na carreira. E já vi muita gente com “5 anos de experiência” que tinham, na prática, 1 ano de experiência real, repetidas 5 vezes a cada ano.
O que vai importar cada vez mais nos próximos anos.
Apesar de toda experiência ser válida, estamos vivendo uma era em que a forma como fazíamos algo em 2020 terá pouco a ver com a forma como vamos fazer um trabalho em 2030.
Quem entende isso já está saindo na frente. Veja:
Um professor pode se tornar um profissional de treinamento em uma empresa, um gerente de produto e um fundador de uma EdTech.
Observe que a mesma habilidade essencial (ajudar as pessoas a aprender) aplicada a contextos completamente diferentes, pode gerar valor em diferentes cenários e mercados.
O que vai passar a valer cada vez mais nos próximos anos não é o cargo na tradicional escada corporativa, mas sim uma coleção de resultados e experiências em projetos de alto impacto.
A pergunta-chave que você precisa saber responder é essa:
Em vez de perguntar: "Qual é o meu próximo cargo?"...
Pergunte-se: "Qual é a minha habilidade principal que pode se tornar transferível para diferentes desafios e contextos?"

A nova guerra por talentos
A nova guerra por talentos não se dará necessariamente com outras empresas. A Apple não compete só com o Google ou com a Netflix por novos talentos.
A competição se dará cada vez mais com outros formatos de trabalho que vão muito além do emprego tradicional:
projetos,
consultorias,
empreendedorismo,
ser um criador,
criar uma startup,
gig economy...
O problema: muitas empresas ainda não perceberam esse movimento.
Como dá para ver na imagem a seguir, 80% das empresas têm dificuldade para contratar.
Parte disso vem da falta de qualificação das pessoas. Mas outra parte vem de um jeito de contratar ainda preso à lógica do século passado...

A virada já começou
Estamos vivendo aqueles grandes momentos de virada no mundo do trabalho. A I.A. não é só uma ferramenta que automatiza tarefas. Ela está sendo a catalisadora de uma mudança profunda no mercado de trabalho.
A velha ideia de uma carreira linear, onde subir a escada corporativa é o único caminho, está desmoronando.
Nos próximos anos, veremos cada vez mais que a definição de um profissional de sucesso não serão os anos em uma empresa ou os cargos em um currículo. Será a sua capacidade de resolver problemas e aplicar suas habilidades em múltiplos contextos.
Na prática, isso quer dizer que, em vez de focar na sua profissão, você precisa focar em suas habilidades transferíveis: aquelas que podem ser aplicadas em diversos projetos e indústrias.
Para as empresas, o desafio também é gigantesco.
É preciso parar de buscar o candidato "perfeito" no papel e começar a valorizar a curiosidade, a agilidade de aprendizado e a adaptabilidade.
A lógica de contratação do século passado simplesmente não vai fazer a sua empresa encontrar os talentos que precisa para criar o futuro.
Ou seja, quem abraçar a mudança, tanto no lado do profissional quanto no lado da empresa, vai prosperar. Quem insistir em velhas fórmulas, já está ficando para trás.
A nova lógica do trabalho já começou.
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Sobre o autor
André Souza é fundador e CEO da FUTURO S/A, consultoria que ajuda a realizar transformações na cultura, na estratégia e no RH de grandes empresas.
Ao longo de sua carreira, André atuou como Executivo de RH liderando equipes e projetos na América Latina, EUA e Europa em grandes organizações como Bayer, Monsanto, Coca-Cola Company, Newell Brands & Nokia.

André é formado em Administração pela UERJ e Mestre Acadêmico em Administração de Empresas pela PUC-Rio.
Além disso, possui certificação internacional como Master Trainer da StrategyTools na Noruega e em “Futures Thinking & Foresight” pelo Institute for the Future em Palo Alto, na Califórnia (EUA);
André é autor de 4 livros:




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